O que são os sonhos para a Psicanálise?
- Priscila Vicente
- 13 de out.
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de out.
Em 1899, Freud escreveu um de seus livros mais importantes: "A interpretação dos sonhos", publicado de modo proposital um pouco mais tarde, em 1900, na virada do século.
Nesta obra, o médico austríaco explora a importância do conteúdo onírico, como ferramenta fundamental de acesso aos conteúdos inconscientes da mente.
Para a Psicanálise, os sonhos são realizações disfarçadas de desejos reprimidos, que sempre nos revelam algo importante, mas de uma forma não tão simples de ser interpretado.
Conteúdo manisfesto e conteúdo latente
Vale lembrar que os sonhos apresentam um conteúdo manifesto e um conteúdo latente. O conteúdo manifesto é o que lembramos dos sonhos: a história, a narrativa e, por vezes, a confusão. Já o conteúdo latente é o sentido mais profundo do sonho, o que realmente aquele sonho nos comunica, que pode passar por desejos, medos, conflitos. Nas sessões de análise, buscaremos acessar o conteúdo latente do sonho.
Vamos a um exemplo prático: imagine que uma pessoa sonhe que está grávida. Se o sonho é a realização disfarçada de um desejo, significa então que essa pessoa quer ter um bebê? Não necessariamente. Pode representar também a gestação de um projeto, de uma decisão, de uma ideia... Esta gestação será vista a partir das particularidades de cada indivíduo.
Por estes caminhos é que trabalhamos os sonhos em uma sessão de análise, como mais uma importante ferramenta de acesso ao inconsciente, isto é, aquela parte da mente que, embora não esteja no nível da consciência, interfere de forma significativa em nossas vidas.
Sonhamos toda noite?
Sempre que chegamos a fase REM do sono - estado em que a atividade cerebral ocorre de modo intenso, nós sonhamos. Até mesmo porque, como nos lembra Freud, "o sonho é o guardião do sono". Mas nem todos os sonhos chegam ao nível da consciência, por diversos fatores: um deles é a resistência. Muitas vezes são conteúdos que temos dificuldade de lidar, e acabamos por reprimi-los.
Freud nos lembra que nunca sonhamos ninharia. Logo, o conteúdo onírico sempre nos revela algo importante sobre nós que precisa ser visto, e que por vezes nos desconcerta, nos inibi, nos envergonha.
E por que acessar os sonhos?
Só temos a oportunidade de promover mudanças a partir do momento que temos consciência da nossa própria história. E quanto mais adquirimos autoconhecimento (o sonho é uma ferramenta muito importante neste processo), podemos quebrar padrões repetitivos em nossas vidas.
E você? Costuma lembrar dos sonhos ao acordar? A Psicanálise tem muito a contribuir neste sentido.
Priscila Vicente
Psicanalista
Palavras-chave: Freud, inconsciente, psicanálise, sonhos, interpretação, autoconhecimento, saúde mental, análise
